Treinadas para farejar armas e drogas, as cadelas labradoras Hanna e Ranger, e a golden retrivier Luna, do canil do 7° Batalhão de Polícia Militar (São Gonçalo), têm desempenhado um papel bem diferente. Elas ajudam no tratamento de crianças portadoras de múltiplas deficiências atendidas no Centro Integrado da Criança e do Adolescente Portador de Deficiência Professor Almir Madeira, localizado no bairro do Barreto, em Niterói. Sob o comando dos policias, essas cadelinhas fazem parte de um projeto de cinoterapia (terapia com cães) desenvolvido há oito anos, sendo seis deles no centro vinculado à Fundação para a Infância e Adolescência (FIA).
De acordo com a diretora do abrigo, Maria Angélica Peixoto, os cães são facilitadores para o trabalho dos profissionais da área de saúde, que desenvolvem diversos tipos de terapias e fisioterapias com as crianças.
- A melhora deles é evidente, o trabalho é de uma importância ímpar para a vida dessas crianças. Os cães despertam a sensibilidade e afetividade das crianças, que ficam mais dispostas para as atividades, como a fisioterapia, por exemplo, que às vezes é dolorosa, mas, com o corpo mais relaxado, o resultado é melhor. Os cães facilitam a percepção delas. A satisfação das crianças é enorme, até as mais agressivas têm o humor melhorado no contato com os cães - explicou Angélica.
O projeto foi criado há oito anos pelo o capitão veterinário Sérgio Braga, responsável pelo Canil do 7º BPM. Ele conta que teve a ideia de criar o tratamento quando percebeu que poderia aproveitar melhor o tempo ocioso dos cães , que fazem saídas esporádicas do batalhão.
- São cães de faro de armas, drogas e resgate, mas que só saem do batalhão quando há missão. Escolhemos os cães mais sociáveis, com temperamento acessível para interagir com crianças, idosos e deficientes, e verificamos toda a parte de saúde e controle de parasitas dos animais. Começamos no Lar Samaritano, trabalhando com idosos. Já atendemos várias instituições, trabalhamos inclusive com cegos. Atualmente, atendemos o abrigo da Fia e o Lar Samaritano. É um trabalho muito gratificante - contou o capitão.
Os cães são sempre acompanhados desde pequenos por um policial. De acordo com eles, além do benefício para as pessoas atendidas, o trabalho é benéfico também para os PMs e para os cães.
- A gente, às vezes, tem problemas em casa ou no trabalho, mas quando chega aqui e vê essas crianças, descobre que os nossos problemas são menores. A gente se entrega e sente que o que está fazendo é benéfico. A alegria no rosto dessas crianças não tem preço. Só quem se dedica a ajudá-las sente o que essas crianças devolvem para a gente, o que nos faz encarar a vida de forma diferente. Cada um pode contribuir um pouco para uma sociedade melhor - afirmou o cabo Márcio Willians.
- Para os cães também é bom. Eles gostam de ser abraçados e acariciados. São cães que também têm um trabalho estressante e aqui relaxam no contato com as crianças - explicou o sargento Franco.
O Centro Integrado da Criança e do Adolescente Portador de Deficiência Professor Almir Madeira atende 33 meninos e meninas com múltiplas deficiências. É o único abrigo público do estado a atender deficientes com sonda de gastronomia. O espaço abriga crianças e adolescentes especiais em situação de vulnerabilidade social e que são encaminhados pela Justiça como medida de proteção até que as famílias se organizem para poderem recebê-las.
FONTE: Jornal do Brasil - Rio
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