Por Ana Maya Goto Uyehara – Pesquisadora Mentora
ana.uyehara@uninove.br
As evidências mais antigas da amizade entre o homem e os cães datam de 12 mil anos antes de Cristo, em que ossos de homens e cães aparecem na mesma tumba. A interação homem-animal tem sido abordada pela sociologia, psicologia, antropologia, medicina veterinária e outras ciências. Para Fuchs (apud Bellinghini, 2003:C5), tudo pode ter começado com um lobinho mais manso que os demais e com a percepção de que eles podiam dar sinais de alarme e, principalmente, ajudar nas caçadas:
Os filhotes de lobos e cães são criados em família, com a mãe e os irmãos. Quando tirados de perto deles, vão procurar esse calor e aconchego com seres humanos, que passam a ser sua nova figura de apego.
Mas também pode ter começado por outras duas razões: frio e fome. Para se livrar do frio, o homem das cavernas dormia com o cão e, como retribuição, dava-lhe restos de comida. Com isso, livrava-se também do lixo. Na mitologia grega, acredita-se que a alma do cão acompanha seu dono até a eternidade. Isso talvez justifique a crença popular de que “cada cachorro espelha a personalidade de seu dono”.
Segundo Berzins (2000:55), estudos apontam para a relação homem-animal na pré-história. Foram encontrados sítios arqueológicos dessa época em que o animal doméstico era enterrado em posição de destaque ao lado do seu provável dono. Mas a grande mudança deu-se a partir dos tempos modernos, com a criação de cães para a função principal de guarda da propriedade, de tração de carroças e trenós, ou utilidade para acompanhar tropeiros, agricultores, além da condição de estimação.
Havia uma distinção social entre os cães imposta pelos homens e, no século XVIII, o cão já era conhecido como “o mais inteligente de todos os quadrúpedes conhecidos” e louvado como “o servo mais fidedigno e a companhia mais humilde do homem” (Berzins, 2000:57).
ana.uyehara@uninove.br
As evidências mais antigas da amizade entre o homem e os cães datam de 12 mil anos antes de Cristo, em que ossos de homens e cães aparecem na mesma tumba. A interação homem-animal tem sido abordada pela sociologia, psicologia, antropologia, medicina veterinária e outras ciências. Para Fuchs (apud Bellinghini, 2003:C5), tudo pode ter começado com um lobinho mais manso que os demais e com a percepção de que eles podiam dar sinais de alarme e, principalmente, ajudar nas caçadas:
Os filhotes de lobos e cães são criados em família, com a mãe e os irmãos. Quando tirados de perto deles, vão procurar esse calor e aconchego com seres humanos, que passam a ser sua nova figura de apego.
Mas também pode ter começado por outras duas razões: frio e fome. Para se livrar do frio, o homem das cavernas dormia com o cão e, como retribuição, dava-lhe restos de comida. Com isso, livrava-se também do lixo. Na mitologia grega, acredita-se que a alma do cão acompanha seu dono até a eternidade. Isso talvez justifique a crença popular de que “cada cachorro espelha a personalidade de seu dono”.
Segundo Berzins (2000:55), estudos apontam para a relação homem-animal na pré-história. Foram encontrados sítios arqueológicos dessa época em que o animal doméstico era enterrado em posição de destaque ao lado do seu provável dono. Mas a grande mudança deu-se a partir dos tempos modernos, com a criação de cães para a função principal de guarda da propriedade, de tração de carroças e trenós, ou utilidade para acompanhar tropeiros, agricultores, além da condição de estimação.
Havia uma distinção social entre os cães imposta pelos homens e, no século XVIII, o cão já era conhecido como “o mais inteligente de todos os quadrúpedes conhecidos” e louvado como “o servo mais fidedigno e a companhia mais humilde do homem” (Berzins, 2000:57).
Benefícios da relação homem/animal
Ter um bicho de estimação pode não ser apenas uma questão de lazer ou de companhia. A medicina está descobrindo que eles também podem ser benéficos para a saúde humana. Estudos do American Journal of Cardiology mostram que pessoas, ao interagirem com animais, constantemente tendem a apresentar níveis controlados de estresse e de pressão arterial, além de estarem menos propensas a desenvolver problemas cardíacos (Vicária, 2003:91). Em termos psicológicos, os cães, através de sua pureza e espontaneidade instintiva, resgatam a criança interior da pessoa e aumentam a capacidade de amar da mesma, conforme aponta Kassis (2002:24-25).
Berzins (2000:61) observa que estudos efetuados nos Estados Unidos e na Europa apontam para uma redução do tempo de recuperação das doenças e uma maior sobrevida aos indivíduos que possuem animais de estimação e que foram acometidos por cardiopatia isquêmica. Percebe-se que, nessas situações, a presença do animal resultou na redução da ansiedade, diminuição de depressão, uma vez que os animais incentivam a atividade física, tanto para levá-los aos passeios como para a realização dos cuidados diários.
Interessante notar que, durante a internação, os pacientes demonstram desejos de melhorar rapidamente para cuidar de seus animais. Conclui-se então que os animais podem atuar como suporte emocional, representando um apoio para confiar e falar. Em outras palavras, como o animal não fala, ele passa a ser cúmplice do que os outros lhe contam (Berzins, 2000:63).
Em se tratando de cães, essa interação é favorecida, sobretudo, quando eles são utilizados nas terapias para equilibrar emoções, conforme aponta Fenuccio (apud Vicaria, 2003:91) que venceu a depressão com a ajuda de um vira-lata de 04 anos: “ele é ótimo, entende que às vezes não estou bem e nem por isso me abandona”.
Estudos desenvolvidos na área de Medicina Veterinária da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), em Botucatu, evidenciam que o contato com animais melhora os batimentos cardíacos dos idosos, além do estímulo emocional resultante da troca de carinhos.
Berzins (2000:64) também cita algumas vantagens resultantes do convívio com animal de estimação, elencados pr Fuchs (1987), como:
- alívio para situação tensa;
- disponibilidade ininterrupta de afeto;
- faz a pessoa rir;
- representa companhia constante;
- dá amizade incondicional;
- proporciona contato físico;
- dá proteção e segurança;
- a presença do animal faz a pessoa ter o que fazer.
Ressalta-se, contudo, que a relação homem-animal não deve substituir a relação homem-homem. O cão não pode substituir um filho ou marido, mas pode ensinar como agir em nossos relacionamentos (Kassis, 2002:25).
Convívio idoso x cão
Berzins relata em sua pesquisa que iniciou seu contato com idosos a partir das queixas dos médicos veterinários quanto à dificuldade de lidar com idosos que insistiam em infringir a lei, mantendo mais de 10 animais domésticos em suas residências. Ela cita alguns exemplos dos encaminhamentos feitos para o Serviço Social, setor onde trabalhava na Prefeitura de São Paulo, como segue (2000:16):
Trata-se de pessoa idosa que se descontrola facilmente. Sugiro que a assistente social tente diálogo com a intimada; Encaminhamos o presente expediente, sendo que a proprietária dos animais é idosa e de difícil trato, e o problema com falta de higiene na criação de cães e gatos vem causando incômodo aos demais moradores; Sugiro que a assistente social vá ao local fazer uma visita devido ao fato da intimada ser idosa; Trata-se de uma pessoa doente, idosa e difícil de se conversar.
Buscando compreender a relação que se estabelece entre o idoso e o animal doméstico, que, no caso, não significa animal de estimação pela intensidade da relação que os idosos mantêm com todos os seus animais, Berzins (2000:18), ao pesquisar os casos de idosos que possuem mais de 10 animais e em alguns casos até mais de 50, percebe que “com cada um dos animais são estabelecidas relações únicas, singulares e permeadas de profundo significado”. Observou, então, que o animal pode representar a compensação para o “ninho vazio”, a vida sem sentido, falta de convívio com os familiares, “aqueles idosos não tinham outra razão de viver, senão os animais”, “não há pessoas em suas vidas, somente animais”.
Ter um bicho de estimação pode não ser apenas uma questão de lazer ou de companhia. A medicina está descobrindo que eles também podem ser benéficos para a saúde humana. Estudos do American Journal of Cardiology mostram que pessoas, ao interagirem com animais, constantemente tendem a apresentar níveis controlados de estresse e de pressão arterial, além de estarem menos propensas a desenvolver problemas cardíacos (Vicária, 2003:91). Em termos psicológicos, os cães, através de sua pureza e espontaneidade instintiva, resgatam a criança interior da pessoa e aumentam a capacidade de amar da mesma, conforme aponta Kassis (2002:24-25).
Berzins (2000:61) observa que estudos efetuados nos Estados Unidos e na Europa apontam para uma redução do tempo de recuperação das doenças e uma maior sobrevida aos indivíduos que possuem animais de estimação e que foram acometidos por cardiopatia isquêmica. Percebe-se que, nessas situações, a presença do animal resultou na redução da ansiedade, diminuição de depressão, uma vez que os animais incentivam a atividade física, tanto para levá-los aos passeios como para a realização dos cuidados diários.
Interessante notar que, durante a internação, os pacientes demonstram desejos de melhorar rapidamente para cuidar de seus animais. Conclui-se então que os animais podem atuar como suporte emocional, representando um apoio para confiar e falar. Em outras palavras, como o animal não fala, ele passa a ser cúmplice do que os outros lhe contam (Berzins, 2000:63).
Em se tratando de cães, essa interação é favorecida, sobretudo, quando eles são utilizados nas terapias para equilibrar emoções, conforme aponta Fenuccio (apud Vicaria, 2003:91) que venceu a depressão com a ajuda de um vira-lata de 04 anos: “ele é ótimo, entende que às vezes não estou bem e nem por isso me abandona”.
Estudos desenvolvidos na área de Medicina Veterinária da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), em Botucatu, evidenciam que o contato com animais melhora os batimentos cardíacos dos idosos, além do estímulo emocional resultante da troca de carinhos.
Berzins (2000:64) também cita algumas vantagens resultantes do convívio com animal de estimação, elencados pr Fuchs (1987), como:
- alívio para situação tensa;
- disponibilidade ininterrupta de afeto;
- faz a pessoa rir;
- representa companhia constante;
- dá amizade incondicional;
- proporciona contato físico;
- dá proteção e segurança;
- a presença do animal faz a pessoa ter o que fazer.
Ressalta-se, contudo, que a relação homem-animal não deve substituir a relação homem-homem. O cão não pode substituir um filho ou marido, mas pode ensinar como agir em nossos relacionamentos (Kassis, 2002:25).
Convívio idoso x cão
Berzins relata em sua pesquisa que iniciou seu contato com idosos a partir das queixas dos médicos veterinários quanto à dificuldade de lidar com idosos que insistiam em infringir a lei, mantendo mais de 10 animais domésticos em suas residências. Ela cita alguns exemplos dos encaminhamentos feitos para o Serviço Social, setor onde trabalhava na Prefeitura de São Paulo, como segue (2000:16):
Trata-se de pessoa idosa que se descontrola facilmente. Sugiro que a assistente social tente diálogo com a intimada; Encaminhamos o presente expediente, sendo que a proprietária dos animais é idosa e de difícil trato, e o problema com falta de higiene na criação de cães e gatos vem causando incômodo aos demais moradores; Sugiro que a assistente social vá ao local fazer uma visita devido ao fato da intimada ser idosa; Trata-se de uma pessoa doente, idosa e difícil de se conversar.
Buscando compreender a relação que se estabelece entre o idoso e o animal doméstico, que, no caso, não significa animal de estimação pela intensidade da relação que os idosos mantêm com todos os seus animais, Berzins (2000:18), ao pesquisar os casos de idosos que possuem mais de 10 animais e em alguns casos até mais de 50, percebe que “com cada um dos animais são estabelecidas relações únicas, singulares e permeadas de profundo significado”. Observou, então, que o animal pode representar a compensação para o “ninho vazio”, a vida sem sentido, falta de convívio com os familiares, “aqueles idosos não tinham outra razão de viver, senão os animais”, “não há pessoas em suas vidas, somente animais”.
Fonte: Abrigo dos bichos
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