sábado, 7 de março de 2009

Matéria: Eles latem, lambem e fazem fisioterapia


Fisioterapeutas brasileiros estão levando cachorros às sessões para auxiliar nos exercícios e incentivar os pacientes a continuar o tratamento. Estudos já mostraram que a presença do animal promove sensação de bem-estar e diminui as dores.
Thaís Ferreira

PARCEIRA - A cocker spaniel Dona participa de sessão com um paciente no Instituto Véras, no Rio de Janeiro.



A fisioterapeuta Shirley Gomes explica que a presença do animal passa a ideia de uma brincadeira para o paciente, mas que ele é só um instrumento. Ela trabalha como voluntária no Projeto Nino, que leva os cockers spaniel Nino e Dona para sessões de fisioterapia de crianças com deficiência mental no Instituto Véras, no Rio de Janeiro. Para exercitar braços e pernas, a atividade pode ser jogar uma bolinha para o cachorro ou então penteá-lo com uma escova. “O exercício de escovar o pelo é o mesmo que os pacientes fazem em um aparelho de academia ou com um elástico, só que é bem mais agradável pentear um bicho”, diz Ribeiro, do Inatta. O cachorro também pode servir de apoio para crianças que têm dificuldade de locomoção. Os fisioterapeutas costumam mostrar aos pacientes, principalmente às crianças, que o cachorro “sabe” fazer um determinado exercício e que eles devem imitá-los.

Cachorros de qualquer raça podem ser "fisioterapeutas"
Vinicius Ribeiro diz que não existe um tipo especifico de cachorro ou uma raça melhor para fazer TAA. O importante é o comportamento dele, que deve ser obediente, dócil e sociável. “Ele deve ter paciência e aceitar bem o contato físico. Uma criança pode puxar as orelhas do cão ou bater nele e ele deve aceitar isso”, diz Ribeiro. O ideal é que o cachorro seja adestrado desde pequeno, mas mesmo os adultos podem receber o treinamento. Todo tipo de cachorro tem uma função. Ribeiro explica que, como idosos gostam de segurá-los no colo, é bom ter um pequeno. Para atividades físicas intensas, usam-se os cachorros maiores; para pessoas tímidas ou autistas, os mais agitados são os ideais. Tanto no Inatta quando no Projeto Nino, os cães recebem treinamentos periódicos, além de ter um rigoroso acompanhamento de saúde. As vacinas são reforçadas a cada ano ou seis meses e exames parasitológicos são feitos a cada três meses. Os donos são orientados a dar banho, cuidar dos dentes e pelos. Qualquer pessoa pode levar seu cachorro para fazer TAA, mas o dono também precisa passar cursos de preparo, pois deve permanecer sempre no local do tratamento, junto com o cão e o profissional da saúde. A TAA pode trazer benefícios também aos animais. Segundo Heverton Gonçalves, criador do Projeto Nino, a terapia tira os bichos da ociosidade e os torna menos ansiosos. Fred, o poodle que aparece no vídeo está com 12 anos, idade de se aposentar. Mas Fátima Maria Cândido, também dona do Aníbal, diz que ele não quer. “Já tentei aposentá-lo uma vez, mas ele ficou nervoso, mordia tudo, inclusive suas patas. Eu percebo que ele gosta de vir nas sessões de fisioterapia”.

(Fonte: Saude & Bem Estar - Revista Época)

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