quarta-feira, 4 de março de 2009

Matéria: "Cães, excelentes terapeutas!"

Projeto trabalha com cachorros para estimular a memória de idosos com mal de Alzheimer


Há um ano e quatro meses, o Centro de Referência para Portadores da Doença de Alzheimer, um hospital-dia que funciona no Hospital Universitário de Brasília (HUB), vinculado à UnB (Universidade de Brasília), recebe todas as quartas-feiras a visita de Ventus e Barney. Ambos são cães terapeutas. Ventus é um cão preto boiadeiro bernês e Barney é um golden retriever claro.As responsáveis pelo projeto são três veterinárias: Esther Odenthal, Damaris Rizzo e Renata Guina.
O diretor do Centro de Medicina do Idoso do HUB, Renato Maia, recebe a iniciativa com bastante entusiasmo. "A gente já sabia que existia benefícios de levar os cães para fazer essa terapia, só que havia uma resistência muito grande por parte dos médicos. O doutor Renato se mostrou bastante aberto a isso e a gente conseguiu colocar o projeto em prática", conta Esther. Cada grupo de idosos passa dois meses no Centro. Lá, eles praticam ioga, fazem trabalhos de pintura, atividades físicas e uma vez por semana divertem-se com os cães por cerca de uma hora. "No primeiro dia, a gente pergunta se eles se importam de estarmos levando um cão ou dois e se têm alguma coisa contra. Aí, a gente vai apresentando os cães a eles. Nas primeiras sessões, o contato é menor. Já nas últimas, é bem maior, porque já tem uma integração grande", explica a veterinária Esther.
As veterinárias, que realizam esse trabalho de forma voluntária, pedem para que os idosos escovem os cães, brinquem com eles, acariciem-nos, assim, de certa forma, os pacientes se exercitam sem nem perceber o que estão fazendo. "Muitas vezes o pessoal da fisioterapia pede para que os idosos façam determinado exercício e eles não querem fazer. Quando a gente chega lá e pede para que façam a mesma coisa com os cães, todos fazem na maior boa vontade, até porque fica tudo parecendo mais uma brincadeira do que, na verdade, um exercício", lembra Esther.
Os principais benefícios da pet terapia para os idosos que sofrem do mal de Alzheimer podem ser sentidos no temperamento. Geralmente, os doentes sofrem de depressão e tristeza, mas, a partir do momento em que estão com os cães, sentem-se mais satisfeitos. Segundo as veterinárias, outro resultado bastante significativo é em relação à memória. O Alzheimer prejudica a memória recente e, apesar disso, muitos dos pacientes lembram-se que a quarta-feira é o dia dos cães e vão mais animados porque querem brincar com eles. "A gente percebe muito essa mudança de humor e também o progresso com a memória, já que começam a lembrar quantos cães são, qual a cor, quais os nomes, o que foi feito da última vez que eles estiveram lá. Tudo isso é importante para o paciente", aponta a veterinária. Mas não pense que qualquer cãozinho pode ser terapeuta.
O principal requisito é a docilidade, por conta da maneira como os idosos tratam, muitas vezes puxando os cachorros pelo rabo ou orelha. Além disso, o cão deve ser extremamente controlável pelo dono e possuir um adestramento básico.

Fonte: UNIVERSIA - Rede de Universidades, Rede de Oportunidades. (Arquivo: publicado em 14/07/05)

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